A obesidade é definida como o aumento do peso corpóreo em relação ao peso ideal devido ao excesso de tecido adiposo (gordo) no organismo. Atinge indivíduos de ambos os sexos e todas as idades, porém é mais freqüente nos adultos do sexo feminino. Atualmente, muita preocupação também é tida com as crianças e adolescentes, onde os estudos estatísticos mostram que é rapidamente crescente o número de obesos.
Trata-se de fenômeno multifatorial cuja origem envolve componentes genéticos, endocrinológicos, metabólicos, comportamentais, psicológicos e sociais. A obesidade não é um problema moral, nem mental ou de falta de força de vontade, como por desinformação era tratada até bem pouco tempo. Hoje se sabe que é uma doença e que o seu tratamento leva a redução do número de complicações e da mortalidade de pessoas que teriam sua expectativa e qualidade de vidas diminuídas.
A obesidade em última análise representa fator de risco maior, seja risco para aparecimento de outras doenças, seja risco de morte propriamente dita. Estudos demonstram que proporcionalmente ao aumento do peso, também ocorre aumento dos níveis de gordura no sangue (colesterol e triglicérides), de glicemia (diabete) e elevação da pressão sangüínea.
Existem diversas doenças que têm freqüência muito aumentada nos obesos. Estas doenças (comorbidade) são as principais responsáveis pelo aumento das taxas de mortalidade, da diminuição da expectativa e da qualidade de vida, e são o motivo principal da necessidade do controle do peso. Doenças como diabetes, hipertensão arterial, hiperlipidemia, coronariopatias como angina e infarto, doenças articulares, apnéia do sono, insuficiência respiratória e cardíaca, além de diversas formas de câncer, têm elevada prevalência entre os obesos e o controle dessas doenças necessariamente envolve a perda do excesso de peso.
Com relação a mortalidade associada a obesidade, um estudo com 12 anos de seguimento que envolveu 336.442 homens e 419.060 mulheres, encontrou taxas de mortalidade aumentada em 2 vezes para homens e mulheres que estavam 50% acima do peso ideal. A obesidade é um fator de risco para mortalidade e especialmente os jovens obesos tendem a morrer antes daqueles que se enquadram na média do peso ideal. A conferência de consenso de 1985 do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos delineou uma lista de comorbidades associadas a obesidade que inclui hipertensão, cardiomiopatia hipertrófica, hiperlipidemia, diabetes, colelitíase, apnéia do sono, hipoventilação, artrite degenerativa e desajustes psico-sociais. Duas complicações da obesidade que podem levar a risco de vida são a coronariopatia e o diabetes. Com relação a coronariopatia, o “Estudo da Saúde das Enfermeiras” que foi um grande estudo prospectivo, envolvendo 115.886 mulheres aparentemente sadias, demonstrou que o ganho de peso após os 18 anos em mulheres é importante fator preditivo de risco para doença cardiovascular. Forte associação entre o IMC e doença cardiovascular ocorreu na comparação de mulheres que tinham um IMC entre 25 e 29 e apresentaram risco para Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) de 1,8 com mulheres com um IMC > 29, as quais apresentaram risco para IAM de 3,3.
A associação entre a média de peso de grupos populacionais e a prevalência de diabetes tipo II é descrito em diversos artigos. O risco de desenvolver diabetes é aumentado em 2 vezes nos medianamente obesos, 5 vezes nos moderadamente obesos e 10 vezes naqueles com obesidade mórbida. A duração da obesidade também é fator determinante para o aparecimento da diabetes.
As taxas de mortalidade por câncer estão aumentadas em mulheres obesas nos tumores malignos de endométrio (5,4vz), vesícula (3,6vz), colo uterino (2,4vz), ovário (1,6vz) e mama (1,5vz). Em homens obesos estão aumentados os tumores malignos colo-retais (1,7vz) e de próstata (1,3vz). Já com relação aos aspectos psico-sociais da obesidade, numerosos relatos dão conta da estigmatização e discriminação a que os obesos são submetidos em todos os locais.